Introdução
Os sobrenomes ou nomes de família, surgiram para identificação das pessoas do povo durante a baixa Idade Média. Anteriormente, só eram utilizados pelos reis e nobres. Para reproduzir os hábitos de personagens importantes, ou, simplesmente, para buscar diferenciação numa época de grande expansão demográfica, os homens mais comuns passaram a utilizar como sobrenomes as designações de seus ofícios ou habilidades, de seus lugares, de suas condições socioeconômicas, de plantas ou animais, adotando, enfim, as mais variadas nomeações que os identificassem. Muito além de mera designação, o sobrenome é um patrimônio da família, marca exclusiva que representa toda uma linhagem, nomeação que se estende por gerações e gerações, identificando características físicas e comportamentos semelhantes. Entretanto, a descendência não se limita ao plano genético, mas se desenvolve no campo histórico. Nesse sentido, a recomposição das linhagens, ilustrada por árvores genealógicas com nomes e datas, tão útil na esquematização das pesquisas, não se apresenta como registro muito esclarecedor. A história de família, percorrendo os marcos dos sobrenomes, abrange necessariamente os cenários e as circunstâncias nos quais viveram os personagens, enfrentando seus desafios e assumindo suas venturas. A reconstrução histórica da formação familiar conduz, portanto, a interpretações capazes de estabelecer uma ponte entre o passado e o presente, entre os ancestrais e seus descendentes, revelando-se como a maior homenagem que se pode prestar aos antepassados.
A genealogia estuda as origens das famílias, descreve as gerações das pessoas que as compõem.
A genealogia apropria-se de uma árvore para demonstrar figurativamente os descendentes de uma família. Árvore genealógica, quando da filiação de uma família, representando uma árvore em que a linha direta forma o tronco e as linhas colaterais os ramos.
Existem basicamente dois tipos de árvores genealógicas :
1.a de ascendentes ou de costados, formada pelos antepassados (pais, avós, bisavós) de um indivíduo. O indivíduo base chama-se probandus. Parte da data mais recente e vai até a mais antiga. Árvore particular de um indivíduo. É geométrica e racional, porque para cada filho há dois pais, quatro avós, oito bisavós, dezesseis trisavós e assim por diante. A cada geração que recua temos o dobro de antepassados, com raras exceções, e;
2.a de descendentes ou de geração, formada pelos filhos, netos, bisnetos, de um indivíduo. Parte da data mais antiga até a mais recente. Árvore coletiva de vários indivíduos que tem um ancestral em comum. É orgânica e aleatória, pois cada casal terá um número aleatório de filhos.
Por onde começar
A pesquisa genealógica deve ser iniciada consultando-se os parentes : pai, mãe, irmãos, avós, tios, primos, colhendo todas as informações necessárias, tipo : nomes, apelidos, data e local de nascimento, casamento, falecimento, batizado, nomes dos pais, avós, tios, irmãos, padrinhos, testemunhas, noivos, padres, comentários, casos interessantes, recortes de jornais, retratos, documentos (C.I., C.P.F., titulo de eleitor, etc) certidões (nascimento, casamento, etc), cartas, revistas, almanaques, fatos históricos, fotos, etc.
Esgotando essa fonte de informação, partimos para profissões (sindicatos de classes, juntas de comércio, repartições públicas, ministérios militares), escolas, faculdades, irmandades religiosas e santa casas, documentos que podem ser adquiridos em arquivo público, igrejas e cúrias (batismos e casamentos), cartórios (nascimentos, casamentos, falecimentos, escrituras de terras, testamentos e inventários), lista telefônica, instituto histórico, museu, arquivo público (processos de entrada no país na época do império se depois, no Ministério da Justiça), capitania dos portos e aeroportos (imigração, expedição, deportação, migração, viagens, passaportes, etc), bibliotecas (livros de genealogia, história, livros de história local, etc), cemitérios, e, por fim, a internet, em diversos sites e listas de discussão (veja lista no final desta obra). Não esquecer que as mulheres podem estar com o nome de solteira (procurar sempre anotar o de solteira). Pode ser solicitado também, no CHF – Centro de História da Família (Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias), microfilmes de várias certidões de nascimentos, batismos, casamentos e óbitos, para consulta. Escrever aos parentes distantes também é uma boa prática e, se possível, mande um formulário a ser preenchido, para ordenar o trabalho. (atualmente você pode pesquisar direto no site www.familysearch.org, basta se cadastrar gratuitamente)
Antes de 1891, era raro o uso de cartórios de registro civil. A lei só obrigou a isto após esta data.
As datas entre cada geração pode ser calculada entre 15 e 20 anos para as mulheres e 20 e 25 para homens.
Antigamente tinha a genealogia não somente a finalidade de registrar as gerações, mas igualmente a de servir às habilitações de “genere”
Hoje, destina-se a reconstituir o passado de cada grupo familiar, retomar laços de parentesco e, sobretudo, revelar o processo de formação social de uma região. Por isso se costuma dizer que a genealogia deixou de ser uma ciência auxiliar da História para tornar-se uma parte dessa própria Historia, tantos e tais os elementos informativos com que trabalha.
Pegue as certidões de nascimento de seus pais. Nelas você encontrará as datas de nascimento e os locais de origem de cada um deles, bem como os nomes de seus avós.
De posse de tais informações, escolha o ramo que você irá pesquisar (paterno-paterno, paterno-materno, materno-paterno e materno-materno). Ou seja, a família cuja trajetória você pretende reconstituir e siga-a, sem se desviar do objetivo.
O passo seguinte é saber onde nasceu esse avô ou avó que você escolheu. Caso não tenha a certidão de nascimento dele(a), procure saber com alguém da família de onde aquele era natural e vá ao Cartório do Registro Civil da localidade e, pelo nome completo e data aproximada (entre uma geração e outra calcule 25 a 30 anos) tente encontrar o respectivo registro.
Lembrete : Antes de 1891, os Cartórios do Registro Civil eram pouco utilizados para tal fim. Se esse seu avô ou avó nasceu, bem antes daquele ano, há que procurar na igreja onde foi batizado, ou na sede do respectivo bispado.
Certidões de casamento e óbito, escritura de terras, testamentos e inventários, passaportes, retratos e cartas de família também podem ser úteis e muita informação pode ser encontrada. E, como elas as coleções de artigos de jornais de sua cidade e os almanaques históricos e comerciais da região.
O depoimento dos mais velhos, (avós, tios e primos) também é útil. Muitas vezes eles sabem de nomes, parentescos e acontecimentos da vida da família. Há sempre alguém em toda família, que é mais ligado à história dos seus. Procure-o e anote. Sobretudo isto – anote, para não se ver depois, traído(a) pela memória.
Se o avô ou bisavô que você procura teve determinada profissão, há possibilidade de encontrar algo nos respectivos órgãos de classe (exemplo: Junta de Comercio, se comerciante; Repartições Publicas e Ministérios Militares, na hipótese de ter sido funcionário civil ou militar, etc.) Procure nas secretarias das escolas e faculdades. Os livros de matriculas trazem filiação, nascimento e colação de grau.
Irmandades religiosas e Santas Casas de Misericórdia também valem uma visita. E o cemitério local também, pois lá estão os livros de enterramento e as certidões de óbito, onde pode estar a informação de que você precisa.
Se eram estrangeiros, o caminho mais prático é o Arquivo Nacional, pois lá estão os processos de entrada no país na época do Império e se a chegada daqueles foi posterior, há que procurar o Ministério da Justiça.
Escreva uma carta àquele seu parente distante e peça-lhes as informações que lhe faltam para estabelecer o parentesco. Carta simples, em que explique o objetivo de sua pesquisa e peça didaticamente o que lhe interessa (exemplo: os nomes dos pais, avós, bisavós, ou da mulher, filhos e irmãos, ou as datas e locais de nascimento, casamento e óbito ou as respectivas profissões). Mas lembre-se: quanto aos nomes femininos, peça sempre os de solteiro.
Se a família tem um sobrenome pouco comum, ou por ser estrangeiro ou por ter um sobrenome composto (exemplo: Cardoso Fontes, Mata Machado, etc.), dê uma busca no catálogo telefônico de sua cidade e dos locais para onde conste terem ido alguns parentes e despache a sua carta. A tentativa costuma dar resultados.
Genealogia é pesquisa e paciência. Não queira dar saltos. Comece do zero e vá em frente. Passo a passo. Não se preocupe em chegar a Adão. Três ou quatro gerações já são alguma coisa. É pouco? Talvez, mas há gente que nem isso consegue. E vá anotando tudo num caderno ou em fichas. Uma folha ou ficha para cada um: nome, filiação, datas de nascimento, casamento e óbito, os locais respectivos, profissão, nome do cônjuge (de solteira, se mulher) e a respectiva filiação (veja Anexo I). Cada filho casado, por sua vez, gera um novo registro, onde você colocará os dados que a ele concernirem e assim sucessivamente.
E quando você quiser transformar essas anotações ou fichas num texto corrido?
É fácil: partindo do ancestral mais antigo, numere as gerações em romano (I II, III, etc.) e a prole de cada um em arábico, sempre na ordem de nascimento respectivo (I.1, I.2, I.3, II.1, II.2, II.3, etc.) como no Anexo I e coloque os dados de cada um. Não se esqueça de incluir os que morreram criança ou sem descendência.
Parece difícil, mas não é. Repare no Anexo I: as colunas de algarismos romanos começam sempre à esquerda da página e, na medida em que as gerações se sucedem, avançam para a direita, sempre seguidas do algarismo arábico que indica a ordem de filiação. Os filhos sejam quantos forem, estarão sempre na coluna I, os netos na coluna II, os bisnetos na III e assim por diante. E cada uma dessas colunas começa sempre numa linha vertical imaginária que você pode traçar do primogênito ao caçula em cada uma daquelas gerações. Numa árvore descendente, como é a de que estamos tratando cabem todos: o bisavô, o filho ou filha de que você descende (seus avós), os irmãos deste(a) (seus tios-avós) e as respectivas proles, seu pai (ou mãe) e os irmãos dele(a), você e seus irmãos, cunhados e sobrinhos.
Do bisavô para cima, se a família é originária do lugar onde ainda hoje vive, convém consultar alguém que conheça a história do local, pois ele poderá ajudá-lo(a) com mais alguma informação. Caso a família seja de outro Estado, procure informar-se acerca da existência de algum genealogista ou instituição genealógica na região.
Mas, há também um outro tipo de árvore genealógica. São as chamadas “árvore de costado” ou ascendentes. Nelas você parte do seu nome e vai subindo. Mas nesse tipo de árvore não cabem os colaterais, só você, seus pais, avós, bisavós, trisavôs, etc. Ou seja, geração em linha direta, sem os irmãos, tios, tios-avós e primos. É sem duvida mais simples, mas não cobre toda a família. Só a sua linha. Você também pode fazê-la.
Um último lembrete: genealogia, hoje, não é simples sucessão de nomes e datas. É a história da família a partir de cada um dos seus membros e de suas relações de parentesco. Não deixe de anotar, assim, tudo o que você encontrar de histórias, fatos, tradições e costumes dos seus. Quanto mais vida melhor. Afinal, esses nomes que resgatamos da noite dos tempos não devem voltar ao nosso convívio como almas mortas, mas como figuras que fazem parte da história de cada um de nós.
E se você encontrar retratos, salve-os. Eles valem por uma biografia, pois têm tudo para revelar a personalidade do retratado. Sua aparência física, seus traços de família, sua idade, seu ambiente, seu modo de ser. Uma genealogia ilustrada vale por duas. E dá aos céticos a certeza de você não estar falando de fantasmas.
Não desanime, pois cada descoberta é uma conquista e gera um novo desafio. Precisa ter muita persistência.
LINKS e LOCAIS PARA PESQUISAR
Locais para Pesquisar
1 – Arquivo Eclesiástico de Santa Catarina – Cúria Metropolitana de Florianópolis – Rua Esteves Júnior, 447 – Florianópolis, SC (48 – 3224-4799).
2 – Centro de História da Família Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias – Av. Rio Branco, 1023 – Florianópolis, SC (48 – 3223-4588).
3 – Arquivo Público do Estado de Santa Catarina – R. das Camélias, 345 – Kobrasol, São José – SC, de segunda a sexta-feira das 12 às 19 horas. Email: arqpesquisa@ena.sc.gov.br, tel. (48) 3665-6217.
4- Arquivo Histórico Municipal Professor Oswaldo Rodrigues Cabral – Praça XV de Novembro, 180 – Florianópolis, SC. Tel. (48) 3228-6821
5- Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina – Rua Tenente Silveira, 343 – Centro – Florianópolis – SC . Tel. (48) 3665-6421.
Links para Pesquisar
1- www.ingesc.org.br – Instituto de Genealogia de Santa Catarina – INGESC. Veja os sites de nossos associados.
2- http://hemeroteca.ciasc.sc.gov.br/ – A Hemeroteca Digital Catarinense – tem por objetivo divulgar o acervo documental dos jornais editados e publicados em Santa Catarina a partir do século XIX.
3- http://lageshistorica.blogspot.com/ – O Objetivo deste Blog é divulgar artigos e documentos da história de Lages, e a história e genealogia das famílias dos seus primitivos povoadores. Associada Tânia Arruda Kotchergenko.
4- http://genealogiaserranasc.blogspot.com/ – Genealogia Serrana de Santa Catarina: Famílias Souza, Ribeiro, Palma e outras – Apresenta as pesquisas da associada Ismênia Ribeiro Schneider sobre genealogia serrana. Os estudos foram iniciados por Enedino Batista Ribeiro, seu pai, a partir dos anos de 1920. Contato: menokaribeiro@gmail.com
5- http://telmotomio.blogspot.com/ – Telmo Tomio – Genealogia e História – Minhas pesquisas históricas, genealógicas, familiares… Pesquisas realizadas por nosso assoaciado Telmo José Tomio (falecido).
Arquivo Histórico Eclesiástico de Santa Catarina – Florianópolis
Biblioteca Pública de Santa Catarina – Hemeroteca
Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina
Instituto de Genealogia de Santa Catarina
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional – Jornais de SC
Bibliografia: Texto baseado em:
- Miranda, Victorino Coutinho Chermont de – Como levantar sua Própria Genealogia -2.ª edição – Rio de Janeiro – 1994